Mostra Camadas de Luiza Nasser

 

A exposição Camadas reúne as monotipias que constituem o percurso que levou ao mestrado, com as imagens nele produzidas nesta técnica.
Portanto, ao visualizar este conjunto disposto no espaço expositivo, pontuado por histórias, percebe-se também seu desdobramento em uma narrativa maior.

 

Após sua graduação em Artes Visuais, em 2006, Luiza Arantes Nasser concentrou-se em desenhar principalmente por meio da monotipia.  Ao final das tardes de trabalho, chegava a conjuntos que entendia como séries, pois possuíam um encadeamento e desenrolar de ideias que produziam uma narrativa, mesmo que esta não fosse a intenção original.

Nessas experimentações, de desenhos muito soltos e temas que eram conduzidos pelo próprio traçar, o imaginário medieval e dos contos – algo que desde criança a fascinava e que esporadicamente desenhava – acabou aparecendo com maior destaque.

E seguindo isto, do desenho anterior levar ao presente, que conduzirá ao próximo, chegou a um grupo de monotipias em que uma figura costurava escamas retiradas de peixes, e formava um vestido de malha (aquela existente sob as armaduras), que ao ser usado, acabava por aderir-se à pele. Na mesma série, outra figura perscrutava a escuridão e o “oco” de uma armadura.

Chamou a série de Idade Atravessada (2007), e ao ter a oportunidade de apresentá-la  não muito tempo depois, ao ser selecionada no Programa de Exposições do MARP, pode pensar melhor sobre seu aspecto narrativo, ao montar no espaço expositivo as folhas pregadas formando uma longa linha, e ouvir depois, de algumas pessoas, que elas “liam” o trabalho não somente no sentido tradicional de leitura ocidental. Esta série a marcou muito; o vestido de escamas tornou-se uma espécie de obsessão, a que sempre volta.

Ela foi como que um ponto de partida para outras séries, desenhos individuais e gravuras que se seguiram, e que compõem um conjunto que permaneceu visivelmente em aberto ao longo de todo esse tempo e que conduziu à pesquisa de Mestrado no Instituto de Artes da UNICAMP.

Algumas dessas imagens enfocavam o mistério da armadura medieval e seu interior, discutindo sua aparente autonomia do homem e seu domínio sobre ele, além da força da escuridão vislumbrada através das frestas.

Também havia monotipias, nas quais relacionava o ato de vestir-se para o trabalho, na vida moderna contemporânea, com o de vestir armaduras.

O crescente interesse nestas questões pedia um maior aprofundamento na forma de uma pesquisa de mestrado, tomando a figura da armadura medieval como ponto de partida, em uma investigação poética através do desenho para, assim, poder pensar os desdobramentos dos elementos pele e armadura e o “descascamento” da figura da armadura em camadas.

Luiza Arantes Nasser nasceu em São Paulo, em 1983. Desenha e faz histórias em quadrinhos desde criança. De 2000 a 2011 frequentou o Ateliê de Gravura do Museu Lasar Segall, concentrando-se em xilogravura e gravura em metal. Graduou-se Bacharel em Artes Visuais no Unicentro Belas Artes de SP, em 2006. Foi estagiária na Graphias Casa da Gravura em 2004, onde aprendeu sobre montagem de exposições, catalogação e conservação de obras, trabalho que continuou desenvolvendo em outros arquivos ao longo dos anos. Desde 2004, participa de exposições coletivas e teve sua primeira individual em 2008, como selecionada pelo Programa de Exposições de Guarulhos. Realizou residências artísticas, como a do Vermont Studio Center, em 2010. Concluiu seu Mestrado em Poéticas Visuais, no Instituto de Artes da UNICAMP, orientada pela Profa. Dra. Luise Weiss, em janeiro de 2015.

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